Podemos tomar cuidado, mas não devemos temer. Às vezes, o carinho se transforma em amor. Rinaldo, primeiro a chegar no Poveb 98, como acontece com frequência. Bate-papo prévio antes dos poetas e amigos. “Sabe, chamo um montão de gente e ninguém vem”. Penso comigo, como já disse à Mari, já imaginou se tivéssemos numa noite 200, 300 pessoas aqui? Teríamos um problema com o Condomínio. No mínimo, com o estacionamento. A lotação, os aplausos e, até mesmo, o sucesso são incidentes. A vibração, a energia não. Pairam acima da gente. Vêm de baixo, são subjacentes.

O microfone pode não funcionar, mas a música não deixa de tocar, e as pessoas de cantar. O poeta vai lá na frente e diz um verso que nos levanta um pouco da cadeira, e a gente até flutua. Essa intimidade com a energia nem sempre se consegue com a multidão. Porque a energia maior é própria da convulsão. Da revolução. Enquanto a revolução poética muitas vezes se dá apenas com o perfume da flor, com a cor dos olhos da amada, com o beijo do amor. E o canto do passarinho? Ninguém veio, véio. Então digo um poema pra você e você diz um para mim. E vamos nisso até cansar, que ainda é longe do fim.

A plateia não é caricata quando acontece na medida exata. E foi isso o que ocorreu ontem no Poveb 98, onde a homenagem da fundadora Mariangela foi a presença dela, com seus cuidados com o evento, a preocupação de tudo ir um pouco além do que se espera. E onde Rinaldo Leite lançou seu primeiro livro, contendo um pedaço de seu coração em cada página, o que o faria, ao trair-se pela emoção, dizer que a sua família é o Poveb. Um livro inteiramente feito por nós.

Agradecemos, como sempre, aos que vieram, aos que vieram pela primeira vez, aos que sempre vêm, aos que voltam. Ignorando os problemas de distância, de insegurança, de engarrafamentos. Amigos e poetas da Tijuca, Largo do Machado, Botafogo, Arpoador, Copacabana, Leblon – que bom, hein! E Jacarepaguá, São Gonçalo, e Barra também. Porque a essa altura, o Poveb não é mais de ninguém. É do Rio.

Valeu, amigos! (Colaborador: Aluizio Rezende).